51% dos novos empreendedores brasileiros são mulheres

Publicado por Marcos Cabral em

A ISOTEC Escritório Contábil e Financeiro foi fundada há mais de 40 anos por Antônio Albano Martins. Ao longo da história, muitos foram os desafios para consolidar o escritório e obter a confiança dos clientes. Atualmente, a organização contábil é administrada por Elaine Cristina Martins Cabral, filha de Antônio.

Elaine está à frente do escritório há pouco mais de 20 anos e, como empreendedora e mulher brasileira, acompanha desde então os desafios de ser mulher empreendedora no Brasil. A fim de ilustrar, abaixo transcrevemos a análise do advogado Rafael Batista da Silva a respeito do atual perfil do empreendedor brasileiro, em especial a mulher:

A pesquisa de Empreendedorismo Global, no Brasil promovida pelo SEBRAE em parceria com outras instituições, tem o objetivo de verificar o perfil de empreendedor em cada país, entender qual a média de sobrevida de um negócio e a maturidade do empreendedorismo regional. 

O estudo recém divulgado reporta os resultados apurados em 2016. Após a verificação de 65 países, constatou-se que, apesar da crise econômica que vem sofrendo desde 2015, o Brasil alcançou forte amadurecimento empresarial nos últimos três anos. O que, viabilizou a abertura de novos negócios e a perpetuação dos já estabelecidos. 

Entre os resultados obtidos, percebeu-se que a cultura atrelada às políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo exerceram forte influência na mudança do perfil do empreendedor brasileiro com o aumento da quantidade de mulheres no cenário econômico-empresarial.

A pesquisa identificou que 51% dos novos negócios no Brasil, sejam eles formais ou não, são iniciados por mulheres. Segundo o relatório, essa situação se deve porque tanto homens quanto mulheres, encontram as mesmas condições e dificuldades para começar a empreender. 

Em comparação com outras economias que, como o Brasil, estão em desenvolvimento, o país alcançou maior igualdade de gênero quando o assunto é empreender. Porém, a mesma igualdade não se mantém quando se fala em continuidade do negócio: 

Identificou-se que, apesar da facilidade em iniciar, as mulheres ainda enfrentam grande dificuldade para manter seus negócios. Três fatores foram considerados determinantes para manutenção desse quadro: 

  • Preconceito de gênero: Ainda existe uma forte resistência em relação à independência da mulher e sua capacidade para abrir, gerenciar e expandir o próprio negócio. Muitas potenciais empreendedoras acabam desistindo antes mesmo de abrir o negócio por duvidar das próprias capacidades e não ter o devido apoio da sociedade e de pessoas próximas; 
  • Menor credibilidade empreendedora: As mulheres são minoria entre aqueles que administram um negócio duradouro. Assim, o mercado olha com certo receio para empresas que são administradas por elas e, por conta disso, essas empresas enfrentam dificuldades para captar crédito financeiro e negociar com clientes e fornecedores, etc; 
  • Conciliar empresa, casa e família: Essa ainda é uma realidade de muitas mulheres brasileiras que, além de ter um trabalho, têm jornada dupla ao cuidar da casa e família. A situação da mulher empreendedora é ainda mais difícil, uma vez que além de lidar com a forte pressão de se empreender no Brasil, precisa estar com plenas condições físicas e mentais para tocar sua vida pessoal. 

A pesquisa considera como negócios duradouros aqueles que têm pelo menos 42 meses desde a abertura. Ou seja, considera-se que uma empresa começa a se consolidar após dois anos e meio de operação, porque já conseguiu pagar todo o investimento inicial e passa a distribuir lucros aos sócios.  

A caminhada é longa, mas o Brasil está no caminho certo. A igualdade de gêneros no empreendedorismo é tão importante quanto a igualdade de gênero nos bancos universitários.

Embora a sociedade brasileira esteja passando por uma das crises politicas e econômicas mais complicada, as reformas trabalhista e previdenciária são reflexos da mudança de cultura de nosso povo. Inicialmente, tem-se um pouco de resistência, mas ao longo do tempo perceber-se-ão os benefícios.

A sociedade deve se desenvolver de maneira mais igualitária e, portanto, mais justa. 

Caso queira ter acesso à pesquisa GEM na íntegra, clique aqui. 

 Texto originalmente publicado em Linkedin.